sexta-feira, 29 de julho de 2016

Estou em casa

Fala galera a partir de agora sempre que eu puder vou postar umas traduções que os jogadores publicam no no Players Tribune e outros textos desse tipo. Vamos começar com o Jared Dudley que recentemente voltou ao Phoenix Suns e escreveu uma carta.

Jared Dudley
PF / Phoenix Suns

Meu primeiro jogo em Phoenix é uma coisa que sempre lembrarei.

Quando eu fui trocado para aqui, eu sabia que teria que tirar o máximo dessa oportunidade. Eu fui mandado para Phoenix de Charlotte para a troca pode acontecer - você sabe, um cara para sentar no banco de reservas – no acordo que trouxe J-Rich para o Suns. Então enquanto eu estava empolgado para dividir a quadra com Nash e Amar’e, eu tinha expectativas para mim mesmo.

Mas tudo mudou após o meu primeiro jogo.

Cara, eu lembro como se fosse ontem. Eu vindo banco, pisei na quadra e fiquei em choque.

A torcida me aplaudiu de pé. Um jogador de segundo ano que tinha 19 minutos por jogo em um time que não era de Playoff.

Aquele amor, aquele carinho – nunca me esquecerei daquele sentimento. Aquilo me disse que Phoenix era a minha casa, e eu nunca esqueceria isso desde então.

Esse era o tipo de time que o Suns era quando eu me juntei.

Durante o meu primeiro ano, nós estávamos no avião voltando para o Arizona depois de uma longa viajem.

Eu, Amar’e e alguns outros jogadores estávamos nos preparando para jogar Poker.

Todos estavam sentados, prontos para começar, e logo quando eu iria começar, Shaq me cortou.

“Espere, espere, espere um segundo” ele disse. Enquanto tentava sair do seu assento. Nós não tínhamos certeza o que tinha acontecido. E ele tinha um olhar de alguém sério que queria contar algo muito importante.

Ele tirou os fones da sua imensa cabeça e disse: “Vocês tem que escutar esse som que eu acabei de fazer.”

Nós todos olhamos para ele confuso e começamos a rir.

"De verdade”

A batida que ele fez não foi lá aquela melodia... Apenas uma mistura de diferentes barulhos de armas combinados com um som de bateria.

DJ Shaq.

Você está de brincadeira?

Mas esse era o time que nós éramos. Nós gostávamos de jogar, mas também gostávamos de passar o tempo juntos. Esse era o sentimento da cidade também. As pessoas estavam muito felizes de morar lá.

Aquela primeira temporada abriu os meus olhos. Olhando para trás, eu realmente aprecio o quão sortudo eu fui de jogar com um cara como Steve Nash.


Sabe aqueles chutes incrédulos que ele fazia durante os jogos? Aquilo não era sorte, era treino.

Aquele cara nunca deixava a academia. Ele era o primeiro a chegar na quadra e o último a sair.

Eu me lembro de longas viagens no “fundão” do ônibus com Nash e Grant Hill, que são fontes de sabedoria. Eu costumava a perguntar ao Nash como ele fazia para prolongar a sua carreira e ele me dizia como levava a sério a sua dieta. Esses caras faziam mais pelo jogo fora da quadra que eu nunca teria imaginado.

A atitude e perseverança do Steve (Nash) eram contagiosas e se espalharam por toda a organização. Nós todos seguimos a sua liderança e naquele primeiro ano com o Steve foram muito importantes. Alvin Gentry assumiu o cargo de técnico do Terry Porter e antes do primeiro treino ele me disse “Enquanto eu for o técnico você terá a oportunidade de jogar, aproveite o máximo dela.”

Aquilo me deu confiança para jogar o meu jogo.

Nós fomos um dos primeiros times a se preocupar com o espaçamento em quadra, estilo muito popular hoje em dia. Nossos treinos eram todos sobre ritmo elevado e chutar bolas de três.

Foi o melhor lugar no qual eu estive envolvido em toda minha carreira. Todos faziam a coisa certa pois não havia outro jeito para fazer aquilo. E é por causa daquela cultura que eu estou excitado de voltar a jogar pelo Suns. Eu quero que nós resgatemos aquela efervescência daquele time de 2010.

A cidade estava pegando fogo. Quero dizer, ela estava elétrica.  Quando nós pegamos o Spurs na segunda rodada dos Playoffs de 2010, aquilo foi outra coisa. Eu vi Steve logo depois do jogo 4 e ele tinha lagrimas nos seus olhos. Você sabia o quão isso significava para ele e para a nossa cidade.

Nós voamos para casa naquela noite, e quando finalmente o ônibus chegou a arena tinha talvez uns 200 torcedores esperando por nós. As três da manhã. Esse tipo de conexão não acontece com muita frequência. Nós estávamos assinando autógrafos e “high-fiving”, e as pessoas nos falando de como eles estavam orgulhosos de serem fãs do Suns. E eu não pude me sentir mais orgulhoso de vestir aquela camisa e representar eles.


A corrida em 2010, aquelas foram uma das melhores semanas da minha vida, e aquele grupo de caras me mostraram como jogar para uma cidade igual Phoenix. Sendo um cara novo você está feliz indo longe nos Playoffs, mas você também está jogando para os veteranos. Nós sempre falávamos “Essa é pelo Steve”, ou “Essa é pelo Amar’e.” Steve foi duas vezes MVP que se sacrificou muito pelos seus companheiros e fez todos serem melhores. Era nossa chance de pagar ele e os outros veteranos também.

Mas agora as coisas são diferentes. É uma nova era do Suns basketball, e sou um jogador muito diferente.

Ser trocado em 2013 foi duro, mas foi o movimento certo para a franquia naquela época e eu entendi isso. Meu tempo em L.A. (Clippers) foi curto, mas isso me mudou. Eu não estava conseguindo ficar saudável e jogar com todo o meu potencial. Então o time me enviou para Milwaukee porque eu não estava contribuindo. Na hora fiquei muito desapontado. Essas são o tipo de trocas que podem pegar você como jogador. Mas aquela troca mudou para uma das melhores coisas que já aconteceram comigo.

Você não percebe quando vira um veterano, apenas acontece. Em Milwaukee, eu era o segundo jogador mais velho do pior time com pior campanha da liga. Quando Jabari Parker se lesionou, isso me deu uma chance de voltar a ser titular e eu estava em plenas condições de ajudar os mais jovens a se desenvolver do mesmo jeito que os veteranos em Phoenix me ajudaram. Giannis Antetokounmpo era meu garoto. Eu seria seu ouvido dentro da quadra, ou no banco. Quando ele continuou evoluindo, eu fui ao treinador Kidd.

Você tem que começar com Giannis no meu lugar. Se nós queremos seguir em frente ele precisa jogar.

Eu sabia qual era o meu papel, e ver esses caras ficarem melhores e pegarem meu lugar, eu fiquei muito orgulhoso disso. Nós fomos do pior time da liga para os Playoffs e perdemos para o Bulls em seis jogos.

Naquela temporada eu comecei a ver o meu trabalho diferente. Eu tive diferentes responsabilidades, que não estavam listadas em nenhum contrato. Eu estava lá quando Jabari estava se reabilitando, e tentei motivar ele o máximo que eu pude.
Até isso acontecer, eu não tinha percebido o quanto jogar com caras como Steve e Grant tinham me ajudado.

E é por isso que eu estou ansioso para trazer a atmosfera daquele Phoenix de 2010 de volta. Era uma mistura de profissionalismo e de diversão.
Eu me lembro de um dos meus primeiros dias entrando no vestiário do Suns em 2008 e lá estava o Shaq.

O Showman.




Eu estava muito intimidado no começo, mas ele fez uma piado comigo logo de cara.

“Garoooto, você parece uma versão hip-hop do Grant Hill!”

Todo mundo caiu na gargalhada. Shaq era o cara que você sempre queria estar por perto. Na verdade o time inteiro era cheio de caras desse tipo. No nosso time todos queriam jogar um pelo o outro, e isso mais que tudo fez o nosso time melhor.

Eu pensei muito sobre onde ir nessa free agency. Então quando o Phoenix me ofereceu essa chance de voltar, eu não tive dúvidas.

Deixe eu falar para vocês uma coisa, a free agency é uma loucura.

O Suns estava procurando por um cara para trabalhar com os seus jovens que eles tem, e o time e eu sentimos que eu era perfeito para o papel. Não me leve a mal: eu ainda vou contribuir, mas eu também vou deixar minha marca fora da quadra. Eu estou aqui para fazer as coisas do jeito certo, porque não há outro jeito de se fazer isso. Essa é uma hora muito boa para ser um fã do Phoenix Suns. Eu sei que posso ter um papel maior nesse time, não apenas nesse ano, mas para os próximos cinco anos. Esse é o meu objetivo.

Phoenix é onde eu quero estar.

É o lugar onde eu virei o homem que eu sou hoje, e eu devo muito a essa cidade.
Mal posso esperar para devolver isso a comunidade, e estar lá para cumprimentar os fãs. Eu quero construir memórias que vão além do basquetebol para a cidade de Phoenix.

Eu não poderia estar mais feliz de estar em casa.

Agora vamos trabalhar.

JARED DUDLEY


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