Fala galera a partir de agora sempre que eu puder vou postar umas traduções que os jogadores publicam no no Players Tribune e outros textos desse tipo. Vamos começar com o Jared Dudley que recentemente voltou ao Phoenix Suns e escreveu uma carta.
Jared Dudley
Jared Dudley
PF / Phoenix Suns
Meu primeiro jogo em Phoenix é uma coisa que sempre
lembrarei.
Quando eu fui trocado para aqui, eu sabia que teria que
tirar o máximo dessa oportunidade. Eu fui mandado para Phoenix de Charlotte
para a troca pode acontecer - você sabe, um cara para sentar no banco de
reservas – no acordo que trouxe J-Rich para o Suns. Então enquanto eu estava
empolgado para dividir a quadra com Nash e Amar’e, eu tinha expectativas para
mim mesmo.
Mas tudo mudou após o meu primeiro jogo.
Cara, eu lembro como se fosse ontem. Eu vindo banco,
pisei na quadra e fiquei em choque.
A torcida me aplaudiu de pé. Um jogador de segundo ano
que tinha 19 minutos por jogo em um time que não era de Playoff.
Aquele amor, aquele carinho – nunca me esquecerei daquele
sentimento. Aquilo me disse que Phoenix era a minha casa, e eu nunca esqueceria
isso desde então.
Esse era o tipo de time que o Suns era quando eu me
juntei.
Durante o meu primeiro ano, nós estávamos no avião
voltando para o Arizona depois de uma longa viajem.
Eu, Amar’e e alguns outros jogadores estávamos nos
preparando para jogar Poker.
Todos estavam sentados, prontos para começar, e logo
quando eu iria começar, Shaq me cortou.
“Espere, espere, espere um segundo” ele disse. Enquanto
tentava sair do seu assento. Nós não tínhamos certeza o que tinha acontecido. E
ele tinha um olhar de alguém sério que queria contar algo muito importante.
Ele tirou os fones da sua imensa cabeça e disse: “Vocês
tem que escutar esse som que eu acabei de fazer.”
Nós todos olhamos para ele confuso e começamos a rir.
"De verdade”
A batida que ele fez não foi lá aquela melodia... Apenas uma mistura de diferentes barulhos de
armas combinados com um som de bateria.
DJ Shaq.
Você está de brincadeira?
Mas esse era o time que nós éramos. Nós gostávamos de
jogar, mas também gostávamos de passar o tempo juntos. Esse era o sentimento da
cidade também. As pessoas estavam muito felizes de morar lá.
Aquela primeira temporada abriu os meus olhos. Olhando
para trás, eu realmente aprecio o quão sortudo eu fui de jogar com um cara como
Steve Nash.
Sabe aqueles chutes incrédulos que ele fazia durante os
jogos? Aquilo não era sorte, era treino.
Aquele cara nunca deixava a academia. Ele era o primeiro
a chegar na quadra e o último a sair.
Eu me lembro de longas viagens no “fundão” do ônibus com
Nash e Grant Hill, que são fontes de sabedoria. Eu costumava a perguntar ao
Nash como ele fazia para prolongar a sua carreira e ele me dizia como levava a
sério a sua dieta. Esses caras faziam mais pelo jogo fora da quadra que eu nunca
teria imaginado.
A atitude e perseverança do Steve (Nash) eram contagiosas
e se espalharam por toda a organização. Nós todos seguimos a sua liderança e
naquele primeiro ano com o Steve foram muito importantes. Alvin Gentry assumiu
o cargo de técnico do Terry Porter e antes do primeiro treino ele me disse
“Enquanto eu for o técnico você terá a oportunidade de jogar, aproveite o
máximo dela.”
Aquilo me deu confiança para jogar o meu jogo.
Nós fomos um dos primeiros times a se preocupar com o
espaçamento em quadra, estilo muito popular hoje em dia. Nossos treinos eram
todos sobre ritmo elevado e chutar bolas de três.
Foi o melhor lugar no qual eu estive envolvido em toda
minha carreira. Todos faziam a coisa certa pois não havia outro jeito para
fazer aquilo. E é por causa daquela cultura que eu estou excitado de voltar a
jogar pelo Suns. Eu quero que nós resgatemos aquela efervescência daquele time
de 2010.
A cidade estava pegando fogo. Quero dizer, ela estava
elétrica. Quando nós pegamos o Spurs na
segunda rodada dos Playoffs de 2010, aquilo foi outra coisa. Eu vi Steve logo
depois do jogo 4 e ele tinha lagrimas nos seus olhos. Você sabia o quão isso
significava para ele e para a nossa cidade.
Nós voamos para casa naquela noite, e quando finalmente o
ônibus chegou a arena tinha talvez uns 200 torcedores esperando por nós. As
três da manhã. Esse tipo de conexão não acontece com muita frequência. Nós
estávamos assinando autógrafos e “high-fiving”, e as pessoas nos falando de
como eles estavam orgulhosos de serem fãs do Suns. E eu não pude me sentir mais
orgulhoso de vestir aquela camisa e representar eles.
A corrida em 2010, aquelas foram uma das melhores semanas da
minha vida, e aquele grupo de caras me mostraram como jogar para uma cidade
igual Phoenix. Sendo um cara novo você está feliz indo longe nos Playoffs, mas
você também está jogando para os veteranos. Nós sempre falávamos “Essa é pelo
Steve”, ou “Essa é pelo Amar’e.” Steve foi duas vezes MVP que se sacrificou
muito pelos seus companheiros e fez todos serem melhores. Era nossa chance de
pagar ele e os outros veteranos também.
Mas agora as coisas são diferentes. É
uma nova era do Suns basketball, e sou um jogador muito diferente.
Ser trocado em 2013 foi duro, mas foi o
movimento certo para a franquia naquela época e eu entendi isso. Meu tempo em
L.A. (Clippers) foi curto, mas isso me mudou. Eu não estava conseguindo ficar
saudável e jogar com todo o meu potencial. Então o time me enviou para
Milwaukee porque eu não estava contribuindo. Na hora fiquei muito desapontado.
Essas são o tipo de trocas que podem pegar você como jogador. Mas aquela troca
mudou para uma das melhores coisas que já aconteceram comigo.
Você não percebe quando vira um
veterano, apenas acontece. Em Milwaukee, eu era o segundo jogador mais velho do
pior time com pior campanha da liga. Quando Jabari Parker se lesionou, isso me
deu uma chance de voltar a ser titular e eu estava em plenas condições de
ajudar os mais jovens a se desenvolver do mesmo jeito que os veteranos em
Phoenix me ajudaram. Giannis Antetokounmpo era meu garoto. Eu seria seu ouvido
dentro da quadra, ou no banco. Quando ele continuou evoluindo, eu fui ao
treinador Kidd.
Você tem que começar com
Giannis no meu lugar. Se nós queremos seguir em frente ele precisa jogar.
Eu sabia qual era o meu papel,
e ver esses caras ficarem melhores e pegarem meu lugar, eu fiquei muito
orgulhoso disso. Nós fomos do pior time da liga para os Playoffs e perdemos
para o Bulls em seis jogos.
Naquela temporada eu comecei a
ver o meu trabalho diferente. Eu tive diferentes responsabilidades, que não
estavam listadas em nenhum contrato. Eu estava lá quando Jabari estava se
reabilitando, e tentei motivar ele o máximo que eu pude.
Até isso acontecer, eu não
tinha percebido o quanto jogar com caras como Steve e Grant tinham me ajudado.
E é por isso que eu estou ansioso para
trazer a atmosfera daquele Phoenix de 2010 de volta. Era uma mistura de
profissionalismo e de diversão.
Eu me lembro de um dos meus primeiros
dias entrando no vestiário do Suns em 2008 e lá estava o Shaq.
O Showman.
Eu estava muito
intimidado no começo, mas ele fez uma piado comigo logo de cara.
“Garoooto, você parece uma versão
hip-hop do Grant Hill!”
Todo
mundo caiu na gargalhada. Shaq era o cara que você sempre queria estar por
perto. Na verdade o time inteiro era cheio de caras desse tipo. No nosso time
todos queriam jogar um pelo o outro, e isso mais que tudo fez o nosso time
melhor.
Eu pensei muito sobre onde ir nessa
free agency. Então quando o Phoenix me ofereceu essa chance de voltar, eu não
tive dúvidas.
Deixe eu falar para vocês uma coisa, a
free agency é uma loucura.
O Suns estava procurando por um cara
para trabalhar com os seus jovens que eles tem, e o time e eu sentimos que eu
era perfeito para o papel. Não me leve a mal: eu ainda vou contribuir, mas eu
também vou deixar minha marca fora da quadra. Eu estou aqui para fazer as
coisas do jeito certo, porque não há outro jeito de se fazer isso. Essa é uma
hora muito boa para ser um fã do Phoenix Suns. Eu sei que posso ter um papel
maior nesse time, não apenas nesse ano, mas para os próximos cinco anos. Esse é
o meu objetivo.
Phoenix é onde eu quero estar.
É o lugar onde eu virei o homem que eu
sou hoje, e eu devo muito a essa cidade.
Mal posso esperar para devolver isso a
comunidade, e estar lá para cumprimentar os fãs. Eu quero construir memórias
que vão além do basquetebol para a cidade de Phoenix.
Eu não poderia estar mais feliz de
estar em casa.
Agora vamos trabalhar.
JARED DUDLEY