Eu quero deixar uma coisa clara: Meu sonho, desde que eu me
lembre, é de poder jogar na NBA. Isso não me faz único. Na verdade, mais ou menos todas os garotos
que eu joguei com ou contra no circuito do AAU nos últimos anos tem exatamente
o mesmo sonho.
A diferença é que a maioria deles está indo jogar o College no
próximo ano. Eu não.
Na última semana eu anunciei que eu iriei pegar um caminho
diferente para entrar na NBA, vou para o Draft da G League.
Minha decisão surpreendeu algumas pessoas, e até trouxe algum
debate apenas porque eu sou o primeiro prospecto a tentar isso. Então eu quero
explicar o porque eu decidi que esse caminho era o certo para mim, e o porque o
que eu penso é algo que mais garotos que tem o mesmo sonho devem considerar no
futuro.
Eu acho que, para entender a minha mentalidade em tomar essa
decisão, você precisa saber um pouco mais sobre mim como pessoa. Eu cresci em
uma família grande com dois irmãos e quatro irmãs. Quando tinha muitas pessoas
na casa, você geralmente procura alguma desculpa para sair da casa. Para mim
essa desculpa era o basquetebol.
Eu tinha por volta de sete anos na primeira vez que eu enterrei.
Claro, eu tive pular sobre um sofá que as crianças no meu bairro tinham colocado
de baixo da cesta.
Muito antes de eu jogar em algum tipo de liga organizada, eu
sentia que talvez eu tinha um talento natural para o jogo. Eu era alto. Eu
conseguia driblar um pouco. Meu chute era feio, mas funcionava. Mesmo assim eu
estava a milhas de distância de onde eu deveria estar em termos de habilidades
para jogar na NBA, me desafiando para chegar aquele nível se tornou meu grande
objetivo. Eu sabia que aquilo era o que eu queria.
Eu não tentei entrar para algum time organizado até alguns anos mais
tarde. Eu estava na 8ª série naquele ponto e eu só tinha jogado basquete
recreativo. Eu lembro de me sentir surpreso quando eu consegui uma vaga no
time. O treinador, Coach Mason, viu algo em mim, isso me impulsionou, porque eu
nunca tinha ouvido isso de alguém com autoridade. Ele me disse que se eu
trabalhasse muito duro, eu teria talento para ir a lugares com o basquetebol.
Honestamente, eu acreditei nele pela metade, eu achei que ele estava me
motivando. Mas, olhando para trás eu posso ver que aquele momento realmente
desencadeou o que aconteceria nos próximos quatro anos.
A NBA não começa com o College ou mesmo a G League. É um caminho
que a maioria passa muito antes. O primeiro passo é reconhecer que você tem
jogo. De aí em diante é sobre fazer tudo que você pode para explodir. A sua
próxima grande oportunidade vai depender em ter a pessoa certe assistindo você
jogar no jogo certo, na hora cera. Para mim, isso aconteceu quando eu estava na
9ª série. Minha escola estava jogando em um torneio contra uma escola que
estava cheia de scouts estavam lá para vê-la. Eu não estava no radar de ninguém
naquele momento, mas eu tive um ótimo jogo. Depois que acabou, John Stovall,
que cobria o circuito da AAU, disse que gostou do meu jogo e disse que iria me
recomendar para alguns times tops da AAU em Ohio. E foi aí que tudo decolou.
Eu sempre me lembro da minha primeira proposta porque meu
treinador me disse isso depois de um jogo que eu joguei muito mal. Eu acho que
perdemos por 20 e eu estava para baixo no vestiário quando ele veio em minha
direção e disse “mantenha o seu queixo em pé.” E eu olhei para ele confuso,
então ele continuou, “Toledo acabou de oferecer a você uma bolsa integral.”
Aquilo foi louco.
Enquanto eu estava no circuito da AAU, meu objetivo era ganhar
todas as bolsas que eu poderia ganhar, porque aquele era logicamente o próximo
passo. Mas o que eu devo esclarecer, e acho que é verdade para muitos recrutas,
é que eu acumulei mais ofertas de grandes programas. Eu olhava para todos eles
do mesmo jeito: Como um ano de parada antes de me declarar para o draft da NBA.
Isso pode parecer brutalmente honesto, mas o sistema atual é feito de tal forma
que fazem os melhores jogadores vindos do High School pensar desse jeito. Não é
que eu menospreze o College Basketaball ou algo do tipo. É que eu sabia que não
iria para uma universidade com o intuito de conseguir um diploma, pelo menos
não nesse momento da minha vida. Minha mentalidade é que o diploma vai estar lá
para mim no futuro, mas agora, tudo é basquetebol.
Todo o processo de recrutagem foi uma jornada selvagem. Eu
terminei caindo um pouco de amor com cada universidade que eu visitei. Eu tinha
toda a intenção de ir para o College por um ano, então eu passei muito tempo
pensando sobre onde eu estaria mais feliz. Por último, eu decidi que o melhor
lugar para mim era Syracuse.
Honestamente, eu via isso como uma honra apenas por ter sido
recrutado. Coach Boeheim é uma lenda. As instalações são surreais. E tem muitos
jogadores consagrados que elevaram suas habilidades depois de jogar lá. Isso é
tudo que eu tenho a dizer, eu realmente acho que poderia ter prosperado lá, é
por isso que fiquei tão empolgado quando recebi minha oferta.
Mas alguns meses atrás, eu estava tendo uma conversa com minha mãe
e um dos meus treinadores, e eles levantaram essa opção de jogar profissionalmente por um ano antes de entrar no draft da
NBA. Primeiro eu eliminei essa possibilidade completamente. Eu apenas tive
dificuldade me imaginar fazendo isso. Algum tempo passou, nós todos tivemos
outra conversa, e pela primeira vez foi levantado a possibilidade da G League.
Nenhum dos melhores recrutas jamais tinha tentado passar um ano
jogando na D League antes de tentar chegar na NBA. Não era que isso não poderia
ser feito, é que apenas não havia sido tentado. Para fazer isso, eu tive que
deixar de lado a oportunidade de jogar na minha faculdade dos sonhos. Mas de
varais formas parecia uma boa oportunidade de progredir como um jogador de
maneiras que eu provavelmente não poderia fazer em um ambiente de faculdade. Ao
invés de passar tempo em aulas e indo a festas, eu vou passar todos os dias
batalhando por minutos contra profissionais provados. Eu tive que escolher
entre ser um calouro ou passar um ano em uma organização cheia de pessoas que
tem o mesmo foco: Descubrir uma maneira de entrar na NBA.
Ninguém jamais fez isso dar certo antes...
Mas e se funcionar?
Desde que a NBA implementou o “one-and-done”, a maioria dos
prospectos seguiram o mesmo caminho: College por um ano, e então o draft. Se
você olhar para o próximo draft, quase todos os jogadores que estão projetados
na loteria fizeram isso.
E enquanto isso funcionar para outros prospectos nos próximos anos, também
é importante notar que esse caminho do “one-and-done” funciona para todos. Você
provavelmente não lembra muito dos nomes. Muitas coisas podem acontecer durante
um ano, lesões, pouco tempo de quadra, troca de treinador.
Ir para o college não é o caminho de modo algum, mas não é sempre o caminho
perfeito. O jeito que eu vejo iss, meu GPS é setado para o mesmo destino que
qualquer outro top recruta no país, eu apenas peguei um caminho diferente.
Quando eu tornei essa decisão publica, fiquei encorajado pelas respostas.
As pessoas parecem respeitar que eu estou tentando algo diferente. Claro que eu
sei que a minha decisão foi realmente triste para os fãs de Syracuse. Eu definitivamente
entendo isso, mas também sei que no meu coração, essa é a decisão correta para
mim. Tendo dito isso, eu sempre irei torcer pelos Orange. Eu espero que o meu
lugar seja dado a alguém que vá lá e possa ajudar o time a vencer o campeonato
nacional.
Eu entendo o que eu estou deixando para trás indo para a G League. Eu
sei que não vai ser glamuroso. Estou deixando para trás uma oportunidade de ser
o cara no campus e jogar na frente de 33.000 fãs barulhentos no Carrier Dome.
Isso não é fácil de se fazer.
Mas quando eu parei e realmente considerei o que eu quero para o meu
futuro, eu percebi que, mesmo isso não tendo sido feito antes, passar um ano na
G League vai me preparar para a NBA de um jeito que nenhum outro lugar poderia.
Parte disso vem com um número: 38%.
Essa é a percentagem de jogadores da NBA que tem alguma experiencia
jogando na G League. E esse número só tem aumentado com o passar do tempo.
Essa é uma das razões porque ir para a G League me atrai mais do que ir
jogar no exterior. Na G League todos os dias, vou estar competindo contra jogadores
de NBA. Vou aprender esquemas táticos da NBA, adotar um treino de NBA, e
geralmente estar em um lugar onde o foco principal de todos ao meu redor é
competir no nível da NBA. Eu sei que eu cresço mais quando eu sou desafiado. Foi
dai que eu sai do basquete recreativo na oitava série para ser considerado um
dos melhores prospectos do país. Eu pus muito trabalho apenas para o mundo lá
fora se preocupe para onde eu vou jogar depois do High School.
Todas as criticas que eu recebi, eu acho que a mais engraçada é quando
as pessoas dizem que eu vou receber apenas $26,000 no próximo ano. Porque eu estou
como, “YO! Eu vou receber $26,000 no próximo ano!” Eu tenho 17. Eu acho cinco dólares
muito dinheiro. Se eu tenho cinco dólares no meu bolso quando eu vou para a
escola, eu sou o cara mais feliz no mundo. Se a minha mãe me da 20 eu sinto
como se tivesse ganhado na loteria. É um monde de fichas que eu estou
comprando. Você sabe?
Mas ao mesmo tempo, é claro que eu não estou fazendo isso restritamente
pelo dinheiro. Se esse fosse o caso eu provavelmente estaria indo jogar no
exterior. Estou vendo o próximo ano como um investimento em mim mesmo. Não vou
ter a chance de jogar em jogos televisionados nacionalmente ou no torneio da
NCAA, mas enquanto as atenções estiverem voltadas para eles, eu vou estar trabalhando
duro. Eu vou estar em alguma academia me comparando contra grandes jogadores e
tentando superar eles. E enquanto eu estiver fazendo isso, mesmo que a nação
não esteja vendo o meu progresso, tudo o que eu preciso é de ter a pessoa
certa, me vendo jogar no jogo certo, no momento certo.
Eu entendo que tem o risco de eu ser o primeiro a fazer algo como isso.
Mas honestamente, eu tenho esse risco toda hora que eu entro em quadra. Esse jogo
não garante nada a você, e você vai ser tão bom quanto a sua saúde. Eu só tenho
uma chance, então eu realmente me sinto bem sabendo que estou fazendo isso do
meu jeito.
Se as coisas não funcionarem do jeito que eu planejei, talvez eu vou ser
conhecido como o último jogador a tentar algo como isso.
Mas eu tenho um bom pressentimento que eu vou ser apenas o primeiro de
muitos.
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